Governador Ratinho Júnior cancela reunião que teria com o comando de greve, nesta quarta. Salários não têm aumento há três anos

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Servidores, sem reajuste salarial há três anos, fazem greve no Paraná

Os servidores públicos do Paraná estão em greve desde terça-feira (25). Os trabalhadores protestam contra a falta de reajuste nos salários que, desde 2016, não contam sequer com a reposição da inflação. Há grande adesão da maioria dos trabalhadores à greve, afirma a CUT. Só na área da educação, mais de 80% das escolas estão fechadas.

Nesta quarta-feira (26) haveria uma reunião entre o comando de greve e o governo estadual para negociar as reivindicações dos servidores públicos. No entanto, o governador Ratinho Júnior (PSD) cancelou o encontro.

De acordo com o Fórum das Entidades Sindicais (FES), o governo não informou sequer o motivo do cancelamento da reunião. Para a entidade, isso demonstra, mais uma vez, a falta de interesse de Ratinho Júnior em buscar uma solução para a greve e para o dramático arrocho salarial dos servidores do estado.

Assim, as lideranças sindicais afirmam que o movimento será ampliado com a adesão de mais categorias. Um protesto está marcado para a tarde desta quarta-feira, em Curitiba, em frente a Secretaria da Fazenda).

Arrocho x renúncias

Os servidores reivindicam reajuste salarial de 4,94%, índice referente a inflação dos últimos 12 meses. Querem, ainda, a negociação dos reajustes atrasados. As perdas acumuladas passam de 17%. De acordo com o economista Cid Cordeiro, o arrocho faz com que os servidores deixem de receber o equivalente a dois meses de salário por ano.

Estudos orçamentários feitos pelo FES, com base em relatórios oficiais divulgados pela Secretaria da Fazenda, comprovam que o governo Ratinho Júnior tem condições de atender à reivindicação dos servidores sem risco para a saúde financeira do estado.

O gasto com pessoal é o menor dos últimos 10 anos, afirma Cid Cordeiro. Em março deste ano, a imprensa oficial do governo do Paraná divulgou que o estado lidera o ranking nacional de saúde financeira. Em 2018, a arrecadação com impostos foi R$ 2,2 bilhões a mais do que o previsto pela Sefa.

O mesmo Ratinho Júnior que se recusa a negociar o reajuste salarial dos servidores, abriu os cofres do estado e concedeu renúncias fiscais bilionárias, especialmente para o agronegócio.

Em 2018, quando ainda era deputado estadual, Ratinho liderou um grupo de parlamentares da Assembleia Legislativa do Paraná para exigir da então governadora Cida Borghetti o pagamento da reposição salarial na data-base dos servidores.

Durante a campanha eleitoral, Ratinho Junior prometeu se reunir com os sindicatos em um dos primeiros atos do seu governo para garantir o pagamento da data-base. Passados seis meses de gestão, a promessa não foi cumprida.

O governo só passou a dialogar oficialmente com os trabalhadores depois da manifestação no dia 29 de abril, que reuniu mais de 10 mil em Curitiba. Foi feita uma promessa de apresentar proposta em até 30 dias. Após oito reuniões entre técnicos e lideranças dos sindicatos para debater a pauta de reivindicações, nada foi apresentado pelo governo, o que levou os servidores para a greve.

RBA, 27 de junho de 2019