Políticas econômicas de Temer e Bolsonaro levam aumento sistemático da desigualdade por mais de 50 meses seguidos

Segundo o estudo, nem mesmo em 1989, que constitui o nosso pico histórico de desigualdade brasileira, houve um movimento de concentração de renda por tantos períodos consecutivos – EBC

 

A desigualdade de renda no Brasil aumentou nos últimos 17 trimestres – 51 meses – consecutivos e deu início ao maior período já documentado no país, de acordo com o estudo do economista Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas (FGV). Na avaliação do diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, essa alta é resultado da política econômica do governo, desde o impeachment de Dilma Rousseff.

“O país voltou a ter políticas econômicas que aumentam a desigualdade, principalmente por conta do desemprego e uma situação precária do mercado de trabalho. Tudo isso converge nesse resultado”,  explica Clemente, à Rádio Brasil Atual, ao relacionar a elevação da pobreza com o aumento do desemprego.

Segundo o estudo, nem mesmo em 1989, que constitui o nosso pico histórico de desigualdade brasileira, houve um movimento de concentração de renda por tantos períodos consecutivos. Durante os últimos17 trimestres – desde o início de 2015, quando os derrotados nas eleições de 2014 começaram a passar por cima do resultado das urnas –, a renda da metade mais pobre da população caiu cerca de 18%, somente o 1% mais rico teve quase 10% de aumento no poder de compra, conforme mostra essa reportagem da CartaCapital, também sobre o estudo da FGV.

“Esse crescimento também elevou a pobreza, tínhamos 8,4% da população vivendo em estado de pobreza, agora são 11,2%. Temos 23 milhões de pessoas vivendo em situação de pobreza. Nesses quatro anos, perdemos o que construímos e ganhamos durante uma década, quando o Brasil foi considerado um exemplo de país na redução de pobreza, mas interrompido com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff”, afirmou o diretor técnico do Dieese.

RBA, 20 de agosto de 2019