Das seis variáveis levantadas pela CNI, cinco apresentaram queda, entre as quais o faturamento do setor. Para o Dieese, indicadores expõem falta de um projeto de desenvolvimento robusto.
Indicadores mostram um fraco desempenho da indústria brasileira em 2019, de acordo com levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgado nesta segunda-feira (3). Os dados apontam queda em cinco das seis variáveis consideradas pela entidade, entre elas o faturamento real do setor, que caiu 0,8% na comparação com 2018. Uma situação de “quase estagnação da atividade industrial”, segundo o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, em sua coluna na Rádio Brasil Atual.
A massa real de salários caiu 1,9%, assim como o rendimento médio real do trabalhador, que recuou 1,5%. As horas trabalhadas na produção também despencaram 0,5% e o emprego apresentou uma queda de 0,3%. Apenas a produção industrial registrou alta na comparação com 2018, mas não o suficiente para ter uma repercussão positiva sobre o emprego e faturamento, como aponta a nota da entidade.
Os dados da CNI ainda mostram que a indústria opera com uma capacidade ociosa em torno de 23%. Apesar de poder produzir mais, isso não ocorre por conta da falta de consumo e demanda interna, causada em parte pelos baixos salários.
“E as nossas exportações de bens manufaturados, produzidos pela indústria, também está muito fragilizada, em queda, perdendo participação para a exportação primária, de grãos, minérios. Ou seja, ao invés de exportarmos produtos industrializados, pela capacidade de transformação da nossa indústria, nós estamos exportando produtos primários e a indústria que está transformando esse produto primário é a indústria de outros países que importam os nossos produtos”, afirma o diretor técnico à jornalista Marilu Cabañas.
Na análise de Clemente, os resultados da indústria no último ano acabam por apresentar a falta de “um projeto de desenvolvimento nacional”.