Os mais recentes indicadores da economia comprovam a importância e o potencial da construção civil para induzir a retomada do crescimento econômico e da geração dos empregos tão necessários ao Brasil. Depois de 20 trimestres consecutivos com resultado negativo, em que acumulou retração de 27,7% e perdeu mais de um 1 milhão de trabalhadores com carteira assinada, o setor chegou a outubro de 2019 acumulando 124 mil novas vagas, alavancadas pelo mercado imobiliário. Não há mais dúvida de que é a retomada do investimento que fará a economia crescer de forma sustentada e a construção civil é a atividade com maior potencial para gerar resultados nesse momento.
O potencial da construção civil torna-se exemplar quando consideramos o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no terceiro trimestre de 2019, com expansão de 0,6% em relação ao segundo trimestre e sinalizando um crescimento de 1,2% da economia brasileira em relação ao mesmo trimestre de 2018. Nesse contexto, a construção civil foi o segmento que registrou o maior crescimento, com 1,3% de expansão, acumulando 4,4%. Combinados, esses indicadores reforçam o que temos defendido há muito tempo: quando a construção civil vai bem, a economia brasileira reage rápido. É PIB na veia do país.
O estímulo ao investimento é uma bandeira que a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) tem empunhado com vigor nos últimos anos. O investimento cria um ciclo virtuoso, ancorado na criação de empregos de qualidade – formal, com renda e direitos garantidos para o trabalhador – e melhoria na prestação de serviços à sociedade. A economia se movimenta com o acesso à renda e não pelo endividamento das famílias.
Reação imediata – É o que temos discutido desde o aprofundamento da crise. A partir do segundo semestre de 2014, muitas iniciativas foram adotadas pelo governo federal para reanimar a economia: focadas no consumo, tais ações deram resultados modestos e pontuais, alimentando a incerteza e a desconfiança do empreendedor e mantendo a atividade econômica estagnada. Setores como o agronegócio deram grande contribuição para impedir o colapso da economia, mas perderam o vigor necessário para garantir uma arrancada.
Está claro que a fórmula para uma recuperação sustentada da economia combina a melhoria do ambiente de negócios com a retomada do investimento e o estímulo aos setores com maior potencial de reação. É momento de estimular os setores de resposta mais rápida e tirar do papel projetos que farão diferença para o desenvolvimento. É o momento de fomentar a infraestrutura, para dar competitividade à economia; o saneamento e a habitação, para dar qualidade de vida e dignidade ao cidadão. É o momento de estimular a indústria da construção para reverter o desemprego e gerar renda de forma sustentável. Nosso setor é o segundo maior empregador do país.
A indústria da construção é a que, hoje, tem maior capacidade para criar novos postos de trabalho com a qualidade, o volume e a capilaridade que o país precisa. Com forte impacto econômico e social, nossa atividade está na origem da produção de todos os bens e serviços, cumprindo um ciclo perfeito que cria empregos mesmo depois de finalizar e entregar seus empreendimentos. Horizontal, ao ser estimulada, a construção puxa consigo ao menos 62 outros segmentos da indústria.
A aprovação da reforma da Previdência e outros projetos estruturantes pelo Congresso Nacional reduziu as incertezas e restabeleceu a confiança do setor produtivo. Cabe, agora, dar prioridade aos segmentos da economia preparados para decolar rápido e gerar riquezas para o país em um horizonte mais curto. As reformas terão impacto positivo no longo prazo, mas o Brasil precisa voltar a crescer já.
A cada R$ 1 milhão de investimento, a construção civil cria 7,64 empregos diretos e 11,4 empregos indiretos; que geram R$ 492 mil e R$ 772 mil sobre o PIB, respectivamente. A maior parte do que é investido na construção civil no Brasil retorna como PIB, emprego, imposto e renda. O setor carrega ampla capacidade de produção, que pode ser desencadeada rapidamente.
Nesse contexto, uma política habitacional de interesse social torna-se estratégica para alavancar a geração de empregos no período vindouro – principal programa em andamento, o Minha Casa Minha Vida (PMCMV) chegou a representar mais de dois terços do mercado imobiliário nacional e vem perdendo espaço com a recuperação da poupança. Em 2019, enquanto os aportes do FGTS caíram 6%, os da poupança cresceram 36%. Os indicadores oficiais não deixam dúvida: a recuperação do emprego virá pelo investimento e a construção civil é quem pode alavancar a economia brasileira.