“E essa história não acaba nunca, porque nunca dá certo e eles dizem que é preciso fazer mais reformas ainda”, avalia o economista João Sicsú.
A proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, de aprofundar e ampliar reformas no país para enfrentar o atual caos financeiro internacional, com queda no preço do petróleo e instabilidade nas bolsas de valores, não tem como dar certo, na avaliação do economista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) João Sicsú.
“Essa aposta feita pelo ministro é muito conhecida e não é testável. Eles dizem que se não está dando certo é porque é preciso fazer mais reformas. E essa história não acaba nunca, porque nunca dá certo e eles dizem que é preciso fazer mais reformas ainda. Não é como uma política econômica x ou y, que você aplica e diz ‘deu resultado ou não deu resultado’”, afirmou, em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, na Rádio Brasil Atual.
Sicsú ressaltou que algumas das principais reformas defendidas por Guedes já foram aprovadas e nenhuma diferença ocorreu na situação da economia brasileira. “Já fizemos várias reformas sugeridas por essa linha de pensamento. Fizemos a reforma trabalhista, reforma da Previdência, tem uma fila de reformas para serem discutidas e aprovadas. E a solução em termos de redução do desemprego e aumento da renda não aparece. A economia brasileira vive uma situação dramática. Desemprego de 12 milhões de pessoas, precarização do emprego, falências, paralisação da atividade econômica. Estamos no fundo do poço, tentando sobreviver.”
Para o professor, a saída seria o governo de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes fazer aumento de investimentos, uma estratégia conhecida na história econômica. “Isso começou nos Estados Unidos na década de 1920. E os economistas daquela época, independentemente das suas correntes políticas ou ideológicas, sabiam que esse era um remédio eficaz. Houve essa mesma discussão que existe hoje no Brasil, se havia ou não disponibilidade de recursos do Estado para fazer investimento. A discussão foi definitivamente enterrada quando se aproximou a guerra, no final dos anos 1930. Pelo motivo da guerra, recursos apareceram. Mas pelo motivo da paz os recursos não apareciam. Então se provou naquele momento que não é uma questão de recursos, mas de motivação política”, afirmou.