Ministro que assumiu minimizando subnotificações e acolhendo projeções agora diz que “exercício matemático piora expectativas” e dificulta fim de isolamento.
O ministro da Saúde, Nelson Teich, anunciou nesta quarta-feira (22) a escolha de um militar especializado em logística para ocupar o cargo de secretário-executivo do ministério, o segundo mais importante da pasta. O general Eduardo Pazuello assume o posto imediatamente.
A escolha, segundo o ministro, foi em razão da experiência de Pazuello na coordenação de equipes e estruturas do Exército. O general foi responsável por comandar as tropas que atuaram nas Olimpíadas do Rio de Janeiro e na Operação Acolhida, para recepção de imigrantes venezuelanos, por exemplo.
“Nesses poucos dias que estou aqui, a impressão que eu tenho é que a gente tem que ser muito mais eficiente do que a gente é hoje. A gente está falando de logística, de compra, de distribuição, e ele é uma pessoa muito experiente nisso. É uma pessoa que vem trazer uma contribuição em um momento que a gente corre contra o tempo”, justificou Teich.
O ministro minimizou os danos causados pela covid-19 aos brasileiros – até ontem foram confirmadas 2.906 mortes e 45.757 contaminações. Segundo o ministro, o Brasil é o segundo melhor país no tratamento da doença no mundo.
Qual é o problema da Covid?
“O nosso número é um dos melhores. Qual é o problema da covid? Ela assusta porque acomete muito rápido o sistema, e os sistemas de saúde não são feitos para ter ociosidade. Você tem que trabalhar com eficiência máxima, saúde é muito cara. Os hospitais trabalham quase que no limite. Quando você tem alguma coisa que sobrecarrega o sistema, é quase impossível você conseguir se adaptar na velocidade necessária”, comentou.
Teich disse ter uma “matriz pronta” para, em uma semana, entregar diretrizes a secretários de saúde de estados e municípios para que aliviem o isolamento gradualmente. Contudo, ele não detalhou as medidas.
“É impossível um país sobreviver um ano, um ano e meio parado. O afastamento é uma medida absolutamente natural e lógica na largada, mas ele não pode não estar acompanhado de um programa de saída. Isso é o que a gente vai desenhar. Isso é o que a gente vai dar suporte para estados e municípios”, indicou.
Teich criticou as projeções matemáticas sobre o número de mortes pelo novo coronavírus e pediu foco em “análises de curto prazo”. Ele citou o estudo desenvolvido pelo Imperial College de Londres, que estimava que o Brasil poderia ter mais de um milhão de mortes em um cenário mais trágico.
“Se você gera números muito alarmantes e as pessoas começam a tratar o que é um modelo matemático, só um exercício matemático, como verdade, você piora ainda mais o medo e a expectativa de sociedade”, sinalizou.