Se essa previsão se confirmar, a economia brasileira vai colher um resultado mais fraco do que o observado nos últimos dois anos.
Variação trimestral do PIB desde 2016 até o 1º tri deste ano — Foto: Juliane Souza/G1
“Está faltando confiança. Isso tem muito a ver com a crise fiscal que o Brasil vive e que só vai começar a ser superada com a reforma da Previdência”, diz o economista-chefe do banco Itaú, Mario Mesquita.
A professora do Coppead/UFRJ Margarida Gutierrez compartilha da mesma opinião. “A economia não está respondendo. O problema é a confiança. Tem a incerteza em relação à economia doméstica”, diz.
A professora de macroeconomia diz que a reforma da Previdência é condição necessária para se começar a pensar em recuperação. Para ela, o país não está em recessão, mas em estagnação, e se não for aprovada a reforma da Previdência, a recessão será inevitável.
“Se não fizer uma reforma minimamente consistente vamos chegar na recessão, e os indicadores do próximo trimestre virão bem piores”, avalia.
Na leitura do banco Itaú, se a fraqueza do trimestre se confirmar nos próximos meses, as previsões de crescimento econômico devem migrar para a faixa de 0,5% a 1%.
O cenário é ainda mais complicado porque a piora de expectativas não está apenas concentrada apenas em 2019. Com o cenário de maior fraqueza, os economistas já começam a reduzir as previsões para o ano que vem. Por ora, os analistas consultados pelo relatório Focus, do Banco Central, estimam que o PIB deve crescer 2,5% no ano que vem.
“Para 2020, está todo mundo caminhando para (uma previsão de) 2%. Não é só 2019 que vai ter um resultado pior, 2020 também vai sofrer os efeitos. Se o país não fizer reforma da (Previdência), vai para o buraco com certeza”, disse o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, em entrevista concedida para a GloboNews.
José Ronaldo de Castro Souza Júnior, diretor de macroeconomia do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), aponta que a perspectiva de que a retomada do PIB depende em grande parte do ambiente político.
“A gente está com uma economia num ritmo muito baixo, próximo de uma estagnação. A ideia é que a recuperação maior aconteça a partir de aprovações mesmo pelo Congresso de medidas importantes. Então, na verdade, vai depender um pouco desse calendário político uma recuperação mais clara, disse o economista.
O IPEA considera que o Brasil não entrará em recessão econômica este ano. “É difícil descartar totalmente [que o país entre em recessão]. A possibilidade existe, mas não achamos o mais provável não é o nosso cenário mais provável. A previsão com a qual a gente está trabalhando não é a de ter recessão técnica”, destacou.