Na comparação com a média do G7, o pagamento de impostos sobre a renda é 32% mais baixo. Analista diz que isso aumenta injustiça social diante do consumo.
Enfrentando baixa arrecadação, déficit nas contas públicas e às vésperas de uma reforma tributária, o Brasil taxa pouco a renda de quem ganha muito, aponta uma pesquisa feita pela UHY International, rede de empresas de auditoria, contabilidade, impostos e consultoria, que tem escritórios em 95 países.
De acordo com o levantamento, o imposto cobrado sobre a renda alta no país é 32% mais baixo que a média dos países mais industrializados do mundo, o chamado G7. O resultado disso é a alta carga tributária sobre produtos e serviços, igual para todos os consumidores independentemente da faixa de renda, prejudicando assim quem ganha menos.
A pesquisa mostra que, no Brasil, o imposto sobre os altos salários é 31% menor que a média dos países europeus. Dentre os 30 países pesquisados, o Brasil apresentou a quarta menor tributação para renda alta.
Segundo o levantamento, quem ganha o equivalente a US$ 250 mil por ano no Brasil paga US$ 68,6 mil em impostos – um taxa efetiva de 27,5%. Nos países do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), o valor de impostos sobre a mesma renda é de US$ 101,5 mil, o que representa uma taxa de 40,6%.
Já quem ganha anualmente US$ 1,5 milhão paga no Brasil, em média, US$ 412,4 mil – a mesma taxa de 27,5%. Nos países do G7, a média de imposto pago sobre a mesma renda é de US$ 661,6 mil, uma taxa de 47,9%. Nos países europeus, a taxa para essa faixa de renda é de 44,2%.
“Isso demonstra que no Brasil há desvio da tributação da renda para o consumo, provocando injustiça social”, avaliou Monica Bendia, sócia da UHY no Brasil.
“O Brasil precisa arrecadar para financiar os serviços de segurança, saúde, educação e moradia. Se a carga tributária sobre a renda é baixa, onera-se a carga tributária no consumo, uma das maiores do mundo, de aproximadamente 35% do PIB”, acrescentou a analista.
A reforma tributária em discussão atualmente no Congresso Nacional não reduz a taxação sobre o consumo dos brasileiros, que penaliza a parcela mais pobre da população.
Dados oficiais de 2016 mostram que a tributação sobre o consumo (bens e serviços) representou 48% de todos os impostos recolhidos no Brasil. Na média da OCDE, grupo que reúne as nações mais desenvolvidas do planeta, esse patamar foi mais baixo (33%) e, nos Estados Unidos, menor ainda: 18% do total.
Ainda segundo a pesquisa da UHY, dentre os países estudados, a Rússia teve a menor taxa de imposto de renda, onde todos os contribuintes, incluindo os que recebem altos salários, pagam apenas 13% de imposto. Já a Dinamarca tributa pessoas físicas que ganham US$ 1,5 milhão ao ano em 53,2%, mais da metade da renda, sendo a mais alta entre os 30 países avaliados no levantamento.