Energia limpa e investimentos que reduzam a poluição do ar e das águas devem ganhar novo impulso. “Empregos poluentes serão mal vistos e deixaram de existir”
A pandemia de coronavírus é um aviso sobre como a interferência da ação no humana no meio ambiente pode ter consequência desastrosa. A parada forçada na economia também demonstrou a capacidade de regeneração dos ecossistemas afetados. Para a retomada no pós-pandemia, o Dieese defende o modelo de “transição justa”, com o abandono de atividades que prejudicam a natureza, em favor de “empregos verdes”, mais limpos e sustentáveis.
As considerações fazem parte da nota técnica Brasil pós-pandemia: mais do mesmo? Ideias urgentes para o futuro do trabalho e do meio ambiente. A economista Renata Belzunces destaca que os consumidores em todo o mundo estão cada vez mais atentos às questões ambientais. Diante da emergência das mudanças climáticas, as decisões de compra passam a levar em conta o modo de produção de determinados produtos.
“Se a produção se globalizou, o olhar do consumidor também está se globalizando, atento à essa questão”, afirmou Renata a Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta sexta-feira (5). Ela defende uma aliança entre governos, empresas, trabalhadores e sindicatos para a criação de empregos mais sustentáveis no pós-pandemia.
Modelo
A União dos Povos da Floresta, que reunião indígenas, seringueiros e ambientalistas, na década de 1980, sob liderança de Chico Mendes, é exemplo dessa aliança possível. Outra inspiração é o chamado Green New Deal (Novo Acordo Verde), modelo defendido pelos socialistas democráticos nos Estados Unidos, que tem a transição energética como um dos principais eixos.
Segundo Renata, o conceito de “transição justa” defende o remanejamento de trabalhadores daqueles setores econômicos que causam impactos que comprometem o meio ambiente, bem como o futuro das próximas gerações. São atividades que causam elevada poluição ou contribuem para o avanço do desmatamento, por exemplo.
Alternativas
Em substituição a essas atividades, a economista destaca a necessidade de investimentos em saneamento básico e transporte coletivo nas grandes cidades brasileiras. Há ainda a chamada economia do cuidado, com empregos mais sustentáveis no setor de serviços, que também podem ser classificados como “empregos verdes”.
“Existe a necessidade imperiosa dos trabalhadores e sindicatos colocarem os termos da transição justa na negociação coletiva. Isso é defender empregos. Os empregos poluentes serão mal vistos e deixaram de existir. O risco é não haver emprego nenhum no futuro”, afirmou a economista.