Em 2007, cada empresa empregava, em média, 30 funcionários, chegando a 15 em 2017. Obras de infraestrutura e setor público perderam participação no setor.

Obras de infraestrutura têm perdido participação na indústria da construção no Brasil — Foto: Prefeitura de Nova Serrana/DivulgaçãoObras de infraestrutura têm perdido participação na indústria da construção no Brasil — Foto: Prefeitura de Nova Serrana/Divulgação

A indústria da construção civil no Brasil teve, em dez anos, sua média de ocupação (número de trabalhadores por empresa) reduzida pela metade diante de uma mudança estrutural do setor – as obras de infraestrutura cederam lugar para a construção de edifícios. É o que aponta a Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC), divulgada nesta quarta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com a pesquisa, em 2007 a indústria da construção empregava, em média, 30 trabalhadores por empresa. Já em 2017, essa média caiu para 15 trabalhadores. Em contrapartida, o número de empresas da construção civil mais que dobrou no país, passando de 52,9 mil para 126,3 mil.

“De fato, o número de empresas vem aumentando. Mas [as novas] são empresas muito pequenas, com menos de 30 empregados. Ou seja, a geração [de empregos] para cada uma delas é menor do que já foi”, explicou Rosa Maria Dória, técnico do IBGE responsável pelo levantamento.

Em 2017, a indústria da construção empregava 1,9 milhão de trabalhadores. Foi a primeira vez desde 2009, que o total de empregados no setor ficou abaixo de dois milhões. Mas o número ficou 333,4 mil acima do registrado em 2007.
Em relação a 2013, porém, quando o setor atingiu 2,97 milhões de trabalhadores, o maior da série histórica iniciada em 2007, a indústria da construção perdeu cerca de 1 milhão de postos de trabalho. O principal fator responsável por essa perda, segundo a pesquisadora Rosa Dória, foi a perda de participação das obras de infraestrutura no setor da construção civil.
“O emprego [no segmento] em infraestrutura acompanha o valor investido, e esses dependem muito tanto de investimentos do governo quanto de desembolsos do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], que caíram bastante desde 2014”, apontou a pesquisadora.

Mudança estrutural

Em 2007, as obras de infraestrutura respondiam por 44,9% do valor total gerado pela indústria da construção. Essa participação foi reduzida para 32,2% em 2017 – uma perda de mais de 12 pontos percentuais (p.p.) em dez anos.

Em contrapartida, a construção de edifícios viu sua participação aumentar de 38,9% para 45,8% no período – um aumento de 7 p.p. Já a participação dos serviços especializados aumentou em 6 p.p. nestes dez anos, passando de 16,1% em 2007 para 22% em 2017.

“Essa perda da participação da infraestrutura é uma mudança estrutural do setor”, enfatizou Rosa Dória.

G1 , 30 de maio de 2019