Diretor técnico do Dieese rebate argumento de ministro Paulo Guedes sobre “reforma” da Previdência ser medida para equilibrar contas públicas. “Estamos fazendo um corte que tirará capacidade de consumo das famílias”
O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender a “reforma” da Previdência, nesta terça-feira (4), como uma medida para equilibrar as contas públicas. Em debate na Comissão de Finanças e Tributação na Câmara dos Deputados, em que foi convocado para explicar os impactos econômicos e financeiros da proposta, o chefe da pasta comparou a situação do país a uma “baleia ferida, arpoada várias vezes, que foi sangrando e parou de se mover”.
O argumento reitera a visão do governo de que, gastando menos com a Previdência e a seguridade social, o Estado teria mais recurso para fazer investimentos, criando ainda confiança no mercado quando, na verdade, o que está sendo promovido é um corte que retira direitos, reduz benefícios e afasta o trabalhador do acesso à aposentadoria, como observa o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio.
“Vamos equilibrar as contas fazendo cortes no benefício social. É como se uma família fizesse o equilíbrio do orçamento cortando alimentos, a escola dos filhos, ou o plano de saúde sem dar assistência. É isso que o governo está fazendo”, afirma o diretor técnico em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual. Ao contrário do que defende a equipe econômica, Clemente propõe que a reorganização do orçamento da União ocorra por meio de uma reforma Tributária, que seja mais justa no sentido de combater privilégios, e garanta o papel social e na distribuição de renda que são feitos pela Previdência.
“Esse corte tirará a capacidade de consumo das famílias que recebem os benefícios da Previdência. A reforma tem também um impacto regional porque esse corte afeta mais os trabalhadores de baixa renda do Norte e Nordeste. Creio que o resultado que (o ministro) espera, ele não vai encontrar. Se ele fez a comparação da baleia, talvez o governo esteja dando mais um tiro nela, comprometendo ainda mais a própria dinâmica da economia brasileira”, finaliza Clemente.