Trabalhadores esperam pelo auxílio de R$ 600 a R$ 1.200 aprovado pelo Congresso, mas ainda faltam providências do governo federal.
A pandemia do coronavírus fechou comércios e deixou boa parte da população em casa. Entretanto, após a terceira semana de quarentena, trabalhadores informais e autônomos relatam dificuldade de pagar as contas e até para se alimentar.
A rotina de quem trabalha informalmente é o que determina os valores recebidos durante o mês. É o caso da manicure Marcele Xereim, que mora e trabalha na região de Cotia, na Grande São Paulo, e está há duas semanas parada. Ela relata que a situação está complicada.
“O momento de quarentena tem sido difícil. Estou sem ir trabalhar no salão e eu pago minhas contas com esse trabalho, que é sem carteira assinada. Sem poder sair de casa, não atendo minhas clientes. É triste se encontrar dentro de casa sem ter o que fazer”, afirma Marcele à repórter Larissa Bohrer, da Rádio Brasil Atual.
A vida de Vagner Santos também não está nada fácil. Ele trabalha como sapateiro e engraxate na região da Avenida Paulista. Para sobreviver, ele tentou, sem sucesso, até vender bala no metrô para não passar fome neste período.
“Essa pandemia pegou todos de surpresa. Todo meu dinheiro acabou. Fui no Bom Prato pegar uma marmita, acabou e fiquei sem comer ontem. Estou passando muita dificuldade, assim como muita gente”, conta Vagner.
Os trabalhadores informais esperam pelo auxílio de R$ 600 prometido pelo governo federal, que foi publicado, nesta quinta-feira (2), em edição extra do Diário Oficial da União.
A lei que cria auxílio de R$ 600 mensais, por três meses, a trabalhadores informais. A ideia inicial da equipe de Bolsonaro era pagar R$ 200 à população, mas o Congresso aumentou a proposta. A renda deverá beneficiar 54 milhões de pessoas, com custo de R$ 98 bilhões e será limitado a duas pessoas da mesma família.
Mariella Gallafrio, tatuadora na região da Liberdade, região central da capital paulista, conta que além da dificuldade financeira, ela enfrenta problemas psicológicos, como a ansiedade, que torna ainda mais difícil o seu dia a dia. “É uma coisa que atrapalha minha produção. Como a gente vive nessa troca financeira, você se sente desamparado, trancado em casa.”
Em tempos de quarentena, muitas pessoas são amparadas pela solidariedade dos outros. É o caso do professor e personal trainer Felipe Fagundes, que mesmo com a renda reduzida, já que não pode dar aulas presenciais, continua pagando a diarista que o ajuda na limpeza da academia e de sua casa. “Eu vou continuar pagando normalmente, porque ela não pode ficar sem receber nada”, afirma.