A Polícia Federal (PF) quer abertura de uma segunda investigação sobre as candidatas laranjas do PSL, desta vez especificamente para as contas de campanha do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. Há suspeita do envolvimento de Bolsonaro no esquema.
A Folha de S.Paulo revelou no domingo (6) depoimento e planilha que levantam suspeita de que dinheiro do esquema das laranjas do PSL foi desviado para abastecer, por meio de caixa dois, as campanhas de Bolsonaro e de Álvaro Antônio, coordenador da candidatura presidencial em Minas Gerais e candidato à Câmara dos Deputados.
Ex-assessor de Álvaro Antônio e coordenador da campanha a deputado federal no Vale do Rio Doce (MG), Haissander Souza de Paula prestou depoimento comprometedor. Ele disse à PF que “acha que parte dos valores depositados para as campanhas femininas, na verdade, foi usada para pagar material de campanha de Marcelo Álvaro Antônio e de Jair Bolsonaro”.
Bolsonaro reagiu e abriu guerra ao jornal, no Twitter: “A Folha de S.Paulo avançou a todos os limites, transformou-se num panfleto ordinário às causas dos canalhas”.
Repercussão
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) diz que Bolsonaro usa a velha tática do batedor de carteira que grita “pega ladrão”. “Não diz uma palavra sobre a denúncia, mas ofende a mídia que não lhe é servil para distrair a plateia”, escreveu no Twitter.
A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) considerou “gravíssimo” o conteúdo da matéria que revela um depoimento e uma planilha sugerindo que dinheiro do esquema de candidatas do PSL em Minas Gerais foi desviado para abastecer as campanhas de Bolsonaro e do ministro do Turismo.
A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) criticou a posição do ministro da Justiça, Sergio Moro, que saiu em defesa de Bolsonaro.
“Que ridículo para um ex-juíz que já se auto vestiu com a capa de herói contra a corrupção! Se transformou num ministro puxa-saco e baba ovo do Bolsonaro. Que final te reservou a história, hein, Sérgio Moro?”, ironizou.
Mesmo com as investigações sob segredo de justiça, Moro disse na rede social que Bolsonaro fez a campanha presidencial mais barata da história e reportagem não reflete a realidade.
Para o líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), Moro, que é chefe da Polícia Federal, atuou como advogado de defesa de Bolsonaro.
“Na lambança, tudo indica que expôs informações às quais nem deveria ter tido acesso, colecionando críticas na área jurídica. Cadê o combate à corrupção?”, questionou.
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), diz que sem conseguir explicar caixa dois Bolsonaro briga com o jornal. “Tem todo o direito, mas dirigir-se a anunciantes do jornal é abuso de autoridade. Lembra a invasão da Folha pelo governo Collor. A Folha continuou”, advertiu.
“Dinheiro de um esquema de laranjas para irrigar o caixa dois da campanha de Bolsonaro. A eleição de 2018 terá de ser passada a limpo”, disse o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).
O deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) diz que a atitude de Bolsonaro é típica de um tirano que o mundo não tem saudade.
“Age de forma corrupta e violenta tentando destruir todos que não o seguem. Odeia a democracia exatamente por ter que conviver com a diferença e as denúncias. Temos que reagir à altura do tamanho da ameaça que está sobre nós”, afirmou.