IBGE mostra tendência de desconcentração entre as cidades brasileiras, mas desigualdade regional persiste. São 69 municípios com 49,8% da riqueza e 1.324 com 1%.
Sete dos quase 5.600 municípios do país concentravam um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2017, segundo o IBGE. Apenas a cidade de São Paulo respondia por 10,6% do total, enquanto Paulínia, no interior paulista, tinha o maior PIB per capita, impulsionado pelo refino de petróleo. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (13), mostrando tendência de desconcentração e permanência de desigualdade. As capitais perderam participação.
De acordo com o instituto, os 69 municípios com maiores PIB somam quase metade (49,8%) do PIB e pouco mais de um terço da população. No mesmo ano, os 1.324 municípios com menor PIB tinham 1% do PIB e 3,1% da população.
“A análise da distribuição do PIB por concentrações urbanas (arranjo populacional com mais de 100 mil habitantes, reunindo uma ou mais cidades com alto grau de integração, devido aos deslocamentos para trabalho ou estudo) permite verificar que ¼ da produção econômica do País em 2017 estava em apenas duas delas: São Paulo/SP (17,3%), onde se situa, entre outros, o município de Osasco (SP); e Rio de Janeiro/RJ (7,7%)”, diz o IBGE. As 10 maiores concentrações urbanas respondem por 43% do PIB: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Campinas (SP), Salvador, Recife e Fortaleza.
Regiões
Pelo recorte regional, o IBGE aponta desigualdades no país. A região do Semiárido, por exemplo, representava só 5,2% do PIB, enquanto a Amazônia Legal respondia por 8,7%. Já a chamada Cidade-Região de São Paulo, reunindo 92 municípios, concentrava 24,6%. As capitais respondem por 32,4% do total, menor participação da série, de acordo com o instituto. A lista vai de São Paulo (10,6%) a Rio Branco (0,1%).
Quanto ao PIB per capita, “além dos grandes centros urbanos do centro-sul, destacaram-se algumas regiões de forte expansão da fronteira agrícola, notadamente na região central do Mato Grosso, no oeste baiano e no alto curso do rio Parnaíba, onde houve elevada participação da cadeia de produção de soja associada à baixa densidade demográfica”. Outros destaques, aponta o IBGE, são Vitória do Xingu (PA), pela geração de energia elétrica, e Canaã do Carajás (PA) e Parauapebas (PA), com destaque para o setor extrativo, além do leste do Mato Grosso do Sul, pela produção da celulose.
Os 10 municípios com maior PIB per capita somavam 1,5% do PIB total e 0,2% da população. Depois de Paulínia, vêm Triunfo (RS), pela petroquímica, Louveira (SP), pelo comércio atacadista, e Presidente Kennedy (ES), na extração.
De 2016 para 2017, o maior ganho de participação no PIB foi de Maricá (RJ), por causa da extração de petróleo. A maior queda foi de São Paulo, por retração em atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados.
No período 2002-2017, as metrópoles brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro, tiveram a maior queda de participação, “apontando uma tendência de desconcentração do PIB no nível municipal”. Outras cidades com queda foram Campos dos Goytacazes, pela redução do valor da extração de petróleo, São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e São José dos Campos, no interior, nos dois casos devido à indústria de transformação.
Em quase metade (49,2%) dos municípios, a administração pública era a principal atividade econômica, superando 90% em algumas unidades da federação. Havia 279 municípios com predominância econômica da indústria de transformação, a maioria (78,5%) nas regiões Sudeste e Sul. Alguns estados têm a agricultura como destaque, casos de Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Paraná.
Os 10 maiores PIBs em 2017
- São Paulo (10,62% de participação)
- Rio de Janeiro (5,13%)
- Brasília (3,72%)
- Belo Horizonte (1,35%)
- Curitiba (1,29%)
- Osasco (1,18%)
- Porto Alegre (1,12%)
- Manaus (1,11%)
- Salvador (0,95%)
- Fortaleza (0,94%)
Os 10 maiores PIBs per capita
- Paulínia (SP)
- Triunfo (RS)
- Louveira (SP)
- Presidente Kennedy (ES)
- São Gonçalo do Rio Abaixo (MG)
- Selvíria (MS)
- São Francisco do Conde (BA)
- Extrema (MG)
- Vitória do Xingu (PA)
- Jaguariúna (SP)